Me apeguei ao objeto que encontrei. O acervo que explorei é muito potente para suscitar questões que envolvem as delicadezas do meio digital, o meu exercício de arqueóloga me fez colocar-me em exploração dentro de um território que em um dado momento houve tanta vida e que hoje encontra-se vazio.
Carece de cuidado, por essa razão, o exercício realizado nesta investigação faz-se preciso num entendimento de preservação de arquivo e de uma memória compartilhada.
O arquivo pode ser impermanente, estar em trânsito para que possa manter-se existente, mas a memória definitivamente é construída de modo coletivo e essa construção é permanente, as narrativas são aditivas e não fechadas à novas considerações, a lembrança trabalha com essa delicadeza, da adição de um ou mais.
Entender as sutilezas desse local é tocar na ferida aberta, é entender que aquele momento já passou, que o que sobra é o registro e as boas lembranças que são compartilhadas. Que não dá pra voltar no tempo.
É nesse compartilhamento de memórias que entendo a permanência desse acervo - sim, há uma necessidade de preservação material, como um arquivo - mas, ainda há a potência daquilo que é constituído por várias mãos, feito durante anos, de modo quase despretensioso, apenas pendendo à uma necessidade de mais armazenamento do cartão de memória da câmera.
Mas, ao finalizar esta pesquisa, eu consigo concluir que vai muito mais além desse movimento - é redundante - mas, abre o olhar para um portal, que transporta todos os envolvidos nesse continente digital. O continente não fechou-se, muito pelo contrário, abriu suas fronteiras para que novas reflexões pudessem ser feitas sobre esse ser.
A menina continua curiosa, com a vontade de procurar mais ainda, de entender cada vez mais - agora, com novas demandas. Ainda, desejo que novos acervos possam ser construídos de forma coletiva mais uma vez, que os arquivos sejam sempre impermanentes: das coisas boas que nos geram questionamentos para toda a vida. Não podemos voltar no tempo, mas olhar para o passado com carinho ainda é possível: quero observar todas as nuances.
Quero me fazer presente naquilo que já passou.
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