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O continente, aqui, é entendido como aquilo que contém, guarda algo. O computador contém uma parte da história da minha família, armazenada em seu disco rígido. O continente também é uma demarcação de território. Partindo desse lugar, eu crio novos continentes de memórias e reflexões. O continente que pretendo desbravar trata-se de um antigo notebook da Positivo. É compacto, porém pesado. Seu sistema operacional é o Windows XP, desenvolvido pela Microsoft em 2001 e descontinuado em 2014, ano em que deixou de receber atualizações de segurança no sistema. As figuras, a simplicidade e a intuitividade do sistema tornou-se icônica. A paisagem do monte que emoldurava a tela da área de trabalho reverbera, o virtual torna-se real:

[...] o virtual é obviamente uma dimensão muito importante da realidade. Mas no uso corrente, a palavra virtual é muitas vezes empregada para significar a irrealidade — enquanto a “realidade” pressupõe uma efetivação material, uma presença tangível. (Lévy, 1999, p. 47)

Lévy (1999) traz à tona uma discussão acerca do termo virtual e o real. O real é entendido como aquilo que é tangível e o virtual enquanto algo “inalcançável” em meios materiais. Entendo que o virtual torna-se tangível no momento em que enxergo carinho em uma paisagem onde nunca estive, um lugar que nunca visitei fisicamente, mas que alterou, inclusive, a minha própria maneira de enxergar o mundo: aponto a similaridade da icônica imagem do Windows XP quando cruzo de carro por lugares que lembram aquela paisagem da área de trabalho do computador.

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