As fotos familiares costumavam ser armazenadas em álbuns ou livros físicos para que pudessem ser folheadas. Mas, e quando essas fotografias encontram-se em meio digital? Especificamente, um meio digital que é quase obsoleto?
E se, esse computador deixasse de funcionar? Seria uma grande perda de acervo, daquelas coisas que estão guardadas somente ali e em nenhum outro lugar. Atualmente, ele não possui nenhum propósito senão o de armazenar essa memória familiar, ele tornou-se esse álbum de fotos que é folheado quando é revisitado pelos seus antigos usuários, esses momentos também são compartilhados e representativos de uma afeição coletiva acerca desse objeto que provoca tantas sensações. Parikka (2012, p. 3) entende que as novas mídias estão aos poucos alterando os hábitos do usuário, mas a tecnologia antiga nunca nos deixou, elas estão continuamente encontrando formas, novos contextos e adaptações para serem inseridas no nosso cotidiano atual, entendo que esse é o caso do objeto em que encontrei. É um portal que transporta essas pessoas para aquele lugar novamente, tensiona uma brincadeira.
Sensações estas que são individuais, mas ao mesmo tempo compartilhadas (Halbwachs, 2006), cada indivíduo possui lembranças específicas do uso desse computador, mas ao relembrá-las em conjunto, novas narrativas surgem. O folhear de fotos nesse notebook também subentende isso: são momentos familiares compartilhados, de muito carinho e cuidado com aquilo que está guardado ali - provoca o riso com aquilo que já foi, o espanto ao perceber a mudança, a emoção da passagem do tempo.
Por esse motivo, não trata-se somente de um “tirar do cartão de memória” da câmera para liberar espaço, é de um cuidado para que novos registros pudessem ser feitos, para que novos momentos pudessem, de certo modo, serem eternizados por meio das fotografias.
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